Nas mudanças globais, segundo Crema (2006), “(...) a violência pode ser compreendida como um sintoma de uma humanidade enferma, em grande medida, num processo de evidente declínio, sob peso de suas próprias contradições”. E um desses sintomas é a violência, que, segundo esse autor, ocorre quando nos sentimos desvinculados, quando procuramos nos defender. Assim, agredimos alguém quando nos sentimos desconectados dele.
Aqui é necessário abrir um parêntese para falar sobre a agressividade. Agressividade é diferente de violência. Para Perls (1977), citado em Silva (ano não publicado), “A agressão é necessária para o crescimento e para a sobrevivência e significa desestruturar, quebrar em pedaços, apresentando duplos objetivos, sendo o primeiro desestruturar qualquer inimigo ameaçador, de forma que ele se torne impotente. E o segundo como uma agressão que se amplia e com isso desestruturar a substância necessária para o crescimento e torna-a assimilável.” A própria palavra, na sua etimologia, quer dizer “ir de encontro à”. Às vezes, é saudável o sujeito se colocar, ser agressivo. O problema está na forma com que ele lida com essa agressão.
Isso está muito presente no nosso dia-a-dia e, principalmente, em momentos de guerra entre nações, como nas grandes Guerras Mundiais. Geralmente, para o homem mudar a estrutura vigente da sua época, é necessário fazer revoluções para buscar os seus interesses. Porém, o problema é a forma com que essas revoluções acontecem.
Segundo Crema (2006), a causa de todo tipo de violência, não tão diferente do entendimento de Francisquetti, é o egocentrismo, pois hoje as mudanças sociais, já mencionadas, trazem o individuo para si mesmo, mas não em um processo de paz.
Assim como para Fernando Rey saúde não é ausência de sintoma, a paz, segundo Roberto Crema, não é ausência de guerra. A paz não quer dizer estagnação, e sim atividade, a plenitude da existência humana.
Para Gandhi, segundo Crema (2006), há uma violência ativa e outra passiva. Esta é marcada pela inércia e conformismo, que traduz o que Crema denominou de Normose, a patologia da normalidade, que caracteriza o sistema de mórbido, estagnado e desequilibrado.
De qualquer forma, a violência deixa as pessoas mais fragilizadas e vulneráveis às doenças físicas e psíquicas. Pessoas envolvidas nessas situações precisam de ajuda e intervenção, pois muitas apresentam situações de repetições e dependências muito complexas para que possam lidar com isso sozinhas (Francisquetti, ano não publicado).
Referências Bibliográficas
Crema, R. (2006). A paz como caminho. Florianópolis: Qualitymark.
Francisquetti, P. S.N. (ano não publicado). Saúde Mental e violência.
Silva, L. P. (ano não publicado). A dinâmica da agressividade na adolescência: uma visão da gestalt-terapia.