"Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres. Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito." Maharal de Praga (1525 - 1609)
domingo, 13 de março de 2011
Esqueceram de reparar nela
" A tragédia de Mariana foi corriqueira e morna como todas as grandes tragédias: amaram-na tanto que se esqueceram de reparar nela. (...) Privada de mãe, Mariana foi condenada a ser, desde a infância, adolescente. Uma estátua parada no tempo para proteger do envelhecimento o pai, os avós, a família. Alimentaram-na e protegeram-na (do frio, do calor, das correrias, do mundo) como se ela não fosse mais do que uma boneca de porcelana ou um mostruoso bibelot. Mariana foi demasiado mimada para poder suportar o mundo. Sofreu a infância com a terrível maturidade de um adolescente e decifrou a adolescência com a impiedosa infantilidade de um adulto. O pai amou-a com o amor absoluto, sufocante, que era a memória do seu próprio desamor. Encontrou-se assim prococemente confrontada com o desajuste dos espelhos e com a sôfrega cegueira dos olhares."
Trecho retirado do livro A instrução dos amantes, de Inês Pedrosa.
Vale à pena ler!
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