sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Li e gostei!

Co-dependência

A queixa conjugal está presente não só nas terapias de casal, como também faz parte, com freqüência, da motivação que leva as pessoas à psicoterapia. O estresse causado pelos desajustes conjugais contribui para o surgimento de diferentes transtornos emocionais, sendo os mais comuns os quadros depressivos e de ansiedade. No entanto, casais com problemas conjugais, em alguns casos, podem embarcar em um quadro de dependência mutua, em uma relação de co-dependência.
É pouco conhecido o conceito de co-dependência, por ser ainda mal definido e pouco utilizado pela sociedade e pelos profissionais da saúde. Inicialmente, essa palavra foi utilizada para descrever pessoas que se envolviam com alguém quimicamente dependente, pois, muitas vezes, essas pessoas eram afetadas emocionalmente, levando uma vida não saudável com o dependente. Porém, com o passar do tempo, o significado desse termo foi-se expandindo para outras áreas. Pois, os estudiosos começaram a notar que algumas pessoas, mesmo não se relacionando com um dependente químico, respondiam de forma similar ao co-dependente que vivia com um dependente químico (Beattie, 2001). Assim, a co-dependência também pode acontecer com pessoas que não necessariamente têm problemas de dependência química.
Em poucas palavras, segundo Beattie (2001, p. 44), a co-dependência significa “(...) ser um parceiro na dependência”. Em termos mais específicos, a co-dependência, segundo Subby (citado em Beattie, 2001, p. 14), sugnifica ser: “(...) uma pessoa que tem deixado o comportamento de outra afetá-la, e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa”.
A definição da co-dependência não está na outra pessoa, mas na própria pessoa, pelas atitudes que afetam o outro e se deixam afetar, como as atitudes de controlar o outro, “ajudá-lo” e tomar conta dele obsessivamente. Além disso, notam-se estados que interferem na relação entre co-dependentes, como a baixa auto-estima, a abundância de raiva e culpa, resultando, por exemplo, em problemas de comunicação e de intimidade. Os co-dependentes, geralmente, são benevolentes, preocupados em ajudar o próximo, porém a forma como agem não ajuda e leva, muitas vezes, à exaustão do relacionamento com o parceiro (Battie, 2001).
Algumas características do co-dependente, segundo Battie (2001): considerar-se e sentir-se responsável por outra pessoa, sentir culpa e pena quando a  outra pessoa tem o problema, ser atraído por pessoas carentes, sentir-se oprimido e pressionado, culpar a si mesmo por tudo, achar que não é bom o bastante, sentir-se vítima, sentir-se envergonhado de quem é, achar que não merece coisas boas e felicidade, ter medo de se permitir ser quem é, sentir-se ansioso quanto a problemas e pessoas, tentar pegar as pessoas em atos de mau comportamentos, comer demais, ficar deprimido ou doente, mentir para si mesmo, duvidar que um dia encontrará o amor, recusar desfrutar do sexo porque tem muita raiva do parceiro, perder interesse em sexo.

Referência bibliográfica
Beattie, M. (2001). Co-dependência nunca mais: pare de cuidar dos outros e cuide de você mesmo. Rio de Janeiro: Record.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Violência

Nas mudanças globais, segundo Crema (2006), “(...) a violência pode ser compreendida como um sintoma de uma humanidade enferma, em grande medida, num processo de evidente declínio, sob peso de suas próprias contradições”. E um desses sintomas é a violência, que, segundo esse autor, ocorre quando nos sentimos desvinculados, quando procuramos nos defender. Assim, agredimos alguém quando nos sentimos desconectados dele.
Aqui é necessário abrir um parêntese para falar sobre a agressividade. Agressividade é diferente de violência. Para Perls (1977), citado em Silva (ano não publicado), “A agressão é necessária para o crescimento e para a sobrevivência e significa desestruturar, quebrar em pedaços, apresentando duplos objetivos, sendo o primeiro desestruturar qualquer inimigo ameaçador, de forma que ele se torne impotente. E o segundo como uma agressão que se amplia e com isso desestruturar a substância necessária para o crescimento e torna-a assimilável.” A própria palavra, na sua etimologia, quer dizer “ir de encontro à”. Às vezes, é saudável o sujeito se colocar, ser agressivo. O problema está na forma com que ele lida com essa agressão.
Isso está muito presente no nosso dia-a-dia e, principalmente, em momentos de guerra entre nações, como nas grandes Guerras Mundiais. Geralmente, para o homem mudar a estrutura vigente da sua época, é necessário fazer revoluções para buscar os seus interesses. Porém, o problema é a forma com que essas revoluções acontecem.
Segundo Crema (2006), a causa de todo tipo de violência, não tão diferente do entendimento de Francisquetti, é o egocentrismo, pois hoje as mudanças sociais, já mencionadas, trazem o individuo para si mesmo, mas não em um processo de paz.
Assim como para Fernando Rey saúde não é ausência de sintoma, a paz, segundo Roberto Crema, não é ausência de guerra. A paz não quer dizer estagnação, e sim atividade, a plenitude da existência humana.
Para Gandhi, segundo Crema (2006), há uma violência ativa e outra passiva. Esta é marcada pela inércia e conformismo, que traduz o que Crema denominou de Normose, a patologia da normalidade, que caracteriza o sistema de mórbido, estagnado e desequilibrado.
De qualquer forma, a violência deixa as pessoas mais fragilizadas e vulneráveis às doenças físicas e psíquicas. Pessoas envolvidas nessas situações precisam de ajuda e intervenção, pois muitas apresentam situações de repetições e dependências muito complexas para que possam lidar com isso sozinhas (Francisquetti, ano não publicado).
Referências Bibliográficas
Crema, R. (2006). A paz como caminho. Florianópolis: Qualitymark.
Francisquetti, P. S.N. (ano não publicado). Saúde Mental e violência.
Silva, L. P. (ano não publicado). A dinâmica da agressividade na adolescência: uma visão da gestalt-terapia.

FIlme Kramer vs Kramer

Retratando uma família americana de classe média, o filme tem seu roteiro baseado nos aspectos que alicerçam uma separação conjugal. Além de mostrar a separação não elaborada pelo casal, evidencia o processo de intervenção da justiça na administração da guarda do filho. O conflito conjugal tem seu ápice no momento em que Joanna, mãe de Billy e esposa de Teddy, insatisfeita com o casamento, tem a iniciativa de sair de casa e abandonar seu papel de esposa e de mãe. No decorrer do filme, tornam-se claras questões relacionadas a negligencia, sentida por Joanna, onde ela acusa seu marido de se interessar somente pelo trabalho, o que a levou a se deprimir e a buscar, por meio do divórcio, uma saída para sua tristeza.  Teddy assume novas responsabilidades como pai, devendo dividir seu dia entre cuidar de seu filho e manter um bom emprego, teve oportunidade de participar de forma efetiva do cotidiano do filho, comungar de suas angústias e exercer tanto a função materna como a paterna, posto que anteriormente sua participação era ínfima. Por outro lado, Billy (o filho), também, tem que se adaptar a nova realidade, a de não ter mais o afeto da mãe, a companhia dela para ler histórias e pegá-lo na escola. Ao menos, seu cotidiano não teve modificações maiores, uma vez que permaneceu vivendo no mesmo apartamento e freqüentando a mesma escola.  Não tendo a mãe para protegê-lo e o pai ocupado com o trabalho, Billy sentiu-se desconfortável com a cisão familiar, não percebendo mais o controle das situações corriqueiras do dia-a-dia proporcionada anteriormente pelos pais, se sentindo sozinho e assustado, além de, por vezes, demonstrar um comportamento agressivo.
Vale a pena assistir!

A importância da família

Considero de suma importância analisar o sujeito dentro do seu contexto social. Nesse contexto, a família se torna um referencial de suma importância já que nela encontra-se as origens emocionais de cada sujeito. E, por isso, a família se torna importante na construção da subjetividade deste. Já dizia Minuchin que a família é a matriz identitária do sujeito. Então, é a partir dela que o sujeito começa a organizar suas emoções, sensações e experiências. Para aqueles que não possuem família, no conceito de senso comum, como uma família de pai, mãe e irmãos, podem sim estabelecer relações com àqueles que exerceriam a função paterna, materna e fraternal. O que importa, porém, não é estabelecer uma definição e um modelo de família, mas, sim, compreender as suas diferentes relações e como ela se estabeleceu diante das mudanças da sociedade e influenciou na construção subjetiva dos seus membros, na definição de papéis, bem como na sua saúde psíquica. Porque, se a família estabelecer relações de bem-estar com seus sujeitos e estes estabelecerem relações de bem-estar com o próximo, ela não só influenciará o bem-estar dos seus membros, mas também o bem-estar da própria sociedade. Portanto, a família é uma instituição de importância fundamental para compreendermos o ser humano de hoje. Claro que há outros fatores, inclusive externos à família, que vão influenciá-lo, mas ela é o contexto inicial que propicia o desenvolvimento da subjetividade, que pode ser no sentido da promoção do bem-estar e da saúde do sujeito, ou do mal estar e do adoecimento do sujeito, com repercussões em toda a sociedade.

A paixão segundo GH, Clarice Lispector

"A moralidade. Seria simplório pensar que o problema moral em relação aos outros consiste em agir como se deveria agir, e o problema moral consigo mesmo é conseguir sentir o que se deveria sentir? Sou moral à medida qye faço o que devo, e sinto como deveria?" Trecho retirado do livro a paixão segundo GH, Clarice Lispector! Simplesmente FANTÁSTICO!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Transtornos Alimentares

Quando se fala desse tema, deve-se considerar a dimensão fisiológica nutritiva, como os aspectos endócrinos, metabólicos e neuronais; a dimensão psicodinâmica e afetiva, aquela que considera que a fome seja vinculada a satisfação e ao prazer oral; e a dimensão relacional, aquela que considera a relação do sujeito com a família e com a sociedade. Esta última é de grande importância para terapeutas familiares, pois busca a compreensão de por que esse sintoma apareceu, desenvolveu e permaneceu no sistema de forma a encobrir certas dinâmicas familiares, bem como segredos e os não ditos.
Além disso, deve-se considerar a dimensão histórica, social e cultural. Observa-se que antigamente, ser gordo era sinônimo de riqueza. Já hoje, a mídia supervaloriza o tema de alimentação e, inconscientemente, impõe novos conceitos de beleza relacionado à magreza. Assim, não é mais bonito ser gordo e sim ser magro. Observa-se, também, que, na pós-modernidade, o sujeito vem sofrendo várias influências socioculturais, cujos resultados são o individualismo, a satisfação rápida, o consumo desenfreado, os relacionamentos frágeis entre os membros da família e entre o sujeito e a sociedade e, por tudo isso, o surgimento de alto índice de transtorno alimentar como a anorexia ou a bulimia.
A anorexia caracteriza-se pela perda de peso auto-induzida por abstenção de alimentos que engordam ou por comportamentos como vômitos e/ou purgação auto-induzidos, exercício excessivo e uso de anorexígenos e/ou diuréticos. Há uma busca pela magreza e há o medo de parecer gorda. Do ponto de vista, psicopatológico, a característica da anorexia é a distorção da imagem corporal. Assim, pode-ser dizer que há a presença do transtorno dismórfico corporal, pois apesar de muito magra, a paciente percebe-se gorda. Não é incomum a anorética apresente episódios de bulimia (comer cumpulsivo seguido de vômitos e/ou purgação). Reconhecem-se, hoje, dois subtipos de anorexia: tipo restritivo, na qual a perda de peso é conseguida através de dietas, jejuns e exercícios; e o de compulsão periódica, na qual a perda de peso é conseguida através de vômitos auto-induzidos e laxantes. Um grande indicador de disfunção fisiológica nas mulheres anoréticas é a amenorréia, ou seja, elas param de menstruar, pois há uma redução da secreção do hormônio FSH e LH pela pituitária.
A bulimia é caracterizada por preocupação persistente com o comer e um desejo irressistível de comida, sucumbindo a paciente a repetidos episódios de hiperfagia (“ataques” a geladeira, por exemplo), e com o controle do peso corporal. As pacientes bulímicas também utilizam medidas extremas, como vômitos e purgações, para não aumentar o peso devido a ingestão de alimentos. Há um sentimento de falta de controle para se alimentar. O que diferencia dos indivíduos que possuem anorexia, é que os bulímicos, geralmente, estão dentro da faixa do peso normal, o que não acontece nos anoréticos. O que há em comum entre a bulimia e a anorexia é a psicopatologia central de ambas, que é a superestimação da forma e do peso corporal.
Há, também, casos de transtorno da compulsão alimentar periódica, que se caracteriza por episódios recorrentes em que o paciente come compulsivamente, mas não se tem o controle compulsivo de peso observado pelos bulímicos.
Nesses casos de transtornos alimentares, pode-se falar de uma somatização referente ao processo pelo qual um indivíduo usa (consciente ou inconscientemente) seu corpo ou sintomas corporais para fins psicológicos ou para obter ganhos pessoais. Em geral, há o desejo de adquirir o papel de doente físico para obter ganhos primários (psicológicos, intrapsiquicos) ou secundários (sociais ou interpessoais).
O Pulsar é meu, seu e nosso! Vamos fazer desse espaço uma possibilidade de reflexão e discussão acerca da alma humana, envolvendo temas psicológicos, como sexualidade, família, amizade, identidade, pós modernidade. E vamos pulsar com felicidade!!! Como dizem: a arte de ser feliz é uma busca diária... Então, vamos começar a ser feliz? Eu digo SIM!